15 de maio de 2010

Curativos

Arthur disse que não haveria motivos para alguém gostar dele, porque era demasiadamente feio e sujo e chato e arrogante e. E Carolina discordava. E o mundo discordava com Carolina. Arthur sempre fora o tipo de homem que deixava as pessoas hipnotizadas. Talvez pelas suas roupas ou pelo timbre de sua voz, quem sabe, mas deixava.
Então Carolina resolveu fazer uma lista. Deveriam haver duzias de motivos, pensou. E por mais que se esforçasse em pensar em outras coisas, ela pensou primeiro no modo como ela não conseguia sentir nada de ruim com Arthur por perto. Como se ele fosse uma grande muralha ou um buraco negro que sugasse forças negativas e vibrações ruins. O mundo ficava mais leve com Arthur do lado, para dividir o peso do mundo. Haveriam duzias de motivos, mas só o que importava era isso: Arthur fazia bem, muito bem. E doía, às vezes.

Matheus Oliveira

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