8 de abril de 2010

O garoto com cheiro de amaciante


Final de dezembro, festas de fim de ano, o mundo estava brilhando na sua agitação de cidade grande. As luzes piscavam, as pessoas se sacudiam como se aquele fosse o ultimo momento de suas vidas, todas gritando e dançando felizes. Enquanto isso, Carolina, que não se misturava a sujeira alheia pois acreditava ter sua própria fonte infinita de lixo, estava debruçada sobre a janela do apartamento tumultuado, olhando a rua que, aos poucos, começava a encher. O garoto de calça apertada e cheiro de amaciante se aproximou e ela nem notou. Ficou ao seu lado, suspirou algumas vezes
- Arthur - disse baixinho
- Não, Carolina.
- Meu nome é Arthur
- Ah, entendi
Enquanto isso, na festa, tocava uma música calma, coisas de casais apaixonados e pessoas vulgares que não aguentam ficar sozinhas ou dançar sozinhas ou pensarem sozinhas, pensou Carolina. Oceans apart day after day, and i slowly going insane, i hear your voice in telephone but it doesn't stop the pain
- Você nunca se liga a alguém porque é complicado ou é simples e depois piora?
- Para mim é complicado
- Para mim piora
Whatever you go, whatever you do, a musica era clichê mas exercia o poder de deixar o clima promissor
- Olha, a musica é lenta, porque não vem dançar comigo e facilita as coisas para gente?
- Não
- Você não sabe dançar?
- Sei
- Então por que não?
- Porque não
E Carolina não sabia, nem sonhava que aquele garoto de calça apertada e um cheiro demasiado forte de amaciante teria num futuro muito proximo uma importancia enorme, imensa na sua vida.


Matheus Oliveira

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