Do que Carolina precisava, e queria, era recomeçar. Sair do caos a que pertencia e conhecer novos ares, novas possibilidades de destino, conversas, pessoas. Qualquer coisa que ajudasse a deixar o passado de lado e qualquer coisa que permitisse a ela uma nova vida. Nem que fosse preciso uma nova identidade, peruca e um novo estilo de vida, ela estava disposta a mudar. Desde pequena assistia aos filmes de suspense onde a protagonista precisava ir para um lugar distante pois corria sério perigo de vida. E era assim que Carolina se sentia, numa emboscada, encruzilhada perdida, no fim da rua. Por isso que a pouco tempo começara a escrever. Mostrava à Beatriz tudo o que sentia, mas Beatriz sempre muito desinteressada com qualquer coisa que não fosse ela mesma, dizia que tudo bem, que tudo estava ótimo. E Carolina queria crescer. Se sentia claustrofóbica naquele lugar, como se estivesse presa a um prédio em chamas e não importasse o quanto gritasse, ela nunca sairia dali. Era isso: o mundo estava pegando fogo, e ninguém poderia salvá-la exceto Arthur. E quando tudo parecia definitivo, quando os números no calendário perderam o sentido, a vida o transformou em milhões de pedaços. E se perderam.
Matheus Oliveira
Matheus Oliveira
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