19 de março de 2010

Fúria

É que Carolina ainda não entendera completamente a respeito dos seus sentimentos. Ela estava chateada. Não, ela estava furiosa. Furiosa porque agora seus amigos se tornaram todos iguais a ela: tudo muito morno, tudo muito cinza. Por que eles haviam perdido a cor?
Maio. Acabara de começar o curso de cinema. Estava tão obcecada em ter uma nova vida que se esquecia como se vive. E acabou vivendo assim, sem se dar conta de como se fazia, se envolvendo com seus discos antigos e com seus livros de ficção cientifica, embora isso ela não contara para ninguém. Por causa de sua crítica natural e seu desejo de manter a ordem no meio do caos, fazia inúmeras perguntas. Sua personalidade desordenada combinava claramente com os seus cabelos pretos desgrenhados. Enquanto todos olhavam para ela com o nariz empinado, ela achava graça. Sempre se lembrava de quando era uma criança e seu pai dizia que ela se parecia com um esquilo, a forma como ela ria e mostrava os dentes. Pequenina, de cabelos negros ondulados, era agora uma mulher, mas menina ela nunca deixara de ser.
E assim, Carolina todos os dias tentava se manter estável. Virginiana com ascendente em aquário e sol e lua em virgem, ela simplesmente não podia ficar sentada, somente a observar os passos dos outros. Mesmo que daqui por diante seus passos sejam cada vez mais timidos e tortos, ele gostaria que ela tentasse. E tentou.

Matheus Oliveira

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