18 de março de 2010

A vida entre os mortos

Carolina estava sentada na varanda, como em todos os dias antes de dormir. Ali, parada, ela parecia somente uma pintura leve em preto e branco, não aparentava nenhuma queda ou tristeza. Sim, ela ouve as batidas na porta, mas não há ânimo para atender Beatriz de novo.
- Carolina, quer sair de casa hoje?
- Não, estou bem aqui. Está tudo bem.
(silêncio)
- Você precisa dizer Adeus e deixar o que ficou para trás no passado. Tô preocupada!
- Eu já disse, Beatriz, que não vivo de passado. Só estou cansada demais, os ultimos dias da minha vida não têm sido fáceis.
- Últimos dias? Você está assim há meses! Vive sentada nesse banco, cansada demais com suas próprias forças. Não come direito, não sai com os amigos, não faz nada que uma pessoa normal deveria fazer. Quando foi a ultima vez que você dormiu em paz? E os seus ideais, Carolina?
Como dizer à Beatriz que ela não podia mais ser tão divertida, que o que restou de suas forças estavam concentradas em não desmoronar? Ela tentara de tudo: ioga, terapia, academia, bares, teatros, mas nada funcionara. Como dizer que as suas esperanças tinham ido embora. Quem entenderia? Quem é que fica?
- Eu to bem!
- Não tá, Carol. Eu vejo. Parece uma morta-viva, não tem nenhuma grande vontade! Eu tento, sabia? Estou aqui, tentando te dar vida, mas você não aceita nada que vem de fora desde que ele foi embora.
Alguma coisa dentro de Carolina havia morrido. Tudo era verdade, e se não fosse tão verdade, não teria doido tanto.
- Então pega tua recompensa e vai viver entre os vivos.

Matheus Oliveira

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