19 de julho de 2010

Conexões


Carolina sempre fora do tipo de garota tímida, embora nos últimos tempos tivesse perdido essa característica para dar lugar a uma nova Carolina. Esta era um tanto simpática, um tanto comunicativa, aberta. Fernando já era do tipo de rapaz que não precisava de esforço para manter as pessoas ao seu redor. Se conheceram. Se conectaram. Mas era tarde demais para algumas coisas.
- Que horas são?
- Não sei...
Carolina, sempre impaciente, não conseguia ficar parada em um lugar por muito tempo. Talvez fosse os hábitos dos seus pais de se mudaram duas vezes por ano, talvez fosse as amizades que duravam menos do que namoros, não se sabe. Achava neurotizante, Fernando achava graça. Ela moveu-se de leve, colocando uma mão perto do coccix dele. Ele sentiu e fez um movimento involuntário para trás, para que houvesse o contato.
- Você bebe?
- Não, faz tempo.
- Você fuma?
- Uma vez, ou duas. Meus olhos lacrimejam um pouco
- Você bebe?
- Frequentemente
Eram mundos diferentes. Fernando era a idealização de todos os defeitos de um homem, mal recomendado por si, mas com uma beleza descumunal. E Carolina não era nem um pouco atraente. Não era feia, muito menos bonita. Não tinha os cabelos nem lisos nem cacheados. Não tinha a pele nem escura, nem clara. Não era nem muito baixinha, nem muito alta. Era comum, uma coadjuvante.
- Você quer beber alguma coisa?
- Talvez...
- Eu não devo ser muito atraente bêbado
- Isso eu duvido

Matheus Oliveira

1 comentários:

Unknown disse...

O texto é leve e despreocupado. Sem muitas frescuras, direto, bem escrito. Gosto da simplicidade aparente, que é apenas aparente porque há quase uma ironia, quase uma contradição. Quando ele repete a pergunta a ele sobre beber ela responde que frequentemente. Gosto desse tipo de construção.

Parabéns.

J.
(comunidade de escritores de gaveta)

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