15 de outubro de 2010

Metal heart, you don't worth a thing


Lá está Carolina novamente. Sentada no sofá, de frente para festa. Algumas pessoas, alguns gestos, alguns toques, mas todos agora parecem assim um amontoado de massificações. Palavras perdidas, toques mal feitos, sorrisos mal ensaiados. Acontece que Carolina já não via mais o rosto de Fernando em todos os outros rostos, alguma coisa havia rompido. E então passou a fazer um esforço gigantesco para sair de casa. Talvez ela, talvez os outros, quem sabe. Pensava agora que era dolorido demais estar destinada a ser a substituta na vida das pessoas, mas quem não é? Dava tudo de si para preencher os buracos, as faltas, as exigências, servia de curativo para as feridas dos outros e depois - nada. Às vezes alguém aparecia, sim. Às vezes não.
E assim Carolina passou o resto dos dias, alguns trocares trocados em segredo, alguns sorrisos indecifráveis. Assim Carolina passou o resto da semana: sem nada no peito, sem nada no estomago, sem nada no coração. Era inteira uma ordem silenciosa - interna, maciça, tátctil. Ela não podia se permitir nada, todo tempo, seria loucura demais, iria doer demais. E assim Carolina passou o resto dos meses.

Matheus Oliveira

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