8 de agosto de 2010

Como num filme de estrada


Na minha vida toda, eu escolhi acreditar que eu estava dentro de um filme. Cada ação de cada pessoa era milimétricamente planejada, escrita. E comecei a agir pensando no que eu gostaria que acontecesse se eu estivesse assistindo esse filme. Eu era o personagem principal, e sendo assim, eu deveria chamar a atenção. Pensei que o personagem principal deveria ser simpatico, deveria se arrumar, deveria viver, machucar alguém, ser machucado e acreditar em destinos, histórias inventadas. Mas se eu já tenho 16 anos e nada aconteceu. Nenhum mundo se moveu, alienigenas invadiram a Terra, meus dias de outono não foram marcados por nada e nem ninguém, eu nunca consegui entregar meu coração a alguém que quisesse, e nunca consegui bloquear os sentimentos. Se nada acontecia diferente na minha vida, eu não era o personagem principal. Mas se essa é a minha história e o personagem principal não vive, eu comecei a me perguntar o que eu estava fazendo ali. Se eu não vivia tanto quanto tinha vontade, se eu não tentava todas as possibilidades de destino, se eu não saia todos os finais de semanas em busca de alguma coisa maior como eu deveria estar fazendo, o que eu estava fazendo ali?

Matheus Oliveira

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